quinta-feira, 2 de maio de 2019

Schloss Lieser Niederberg Helden Riesling Spätlese 2012



A vergonha que era, para um blog com mais de 120 vinhos avaliados, não ter um vinho alemão em nosso portfólio está consertada. E consertamos em grande estilo.

O Schloss Lieser é um dos mais importantes produtores do Mosel, região alemã que produz alguns dos melhores vinhos brancos do mundo. Não são vinhos para todos os gostos, já que a maior parte puxa para a doçura (extrema, às vezes), mas são inegáveis obras de arte.

Esse Spätlese (segunda categoria menos doce na escala dos quälitatswein) impressiona pela complexidade. É fora do comum para o preço: apesar da pouca idade, já apresenta as notas típicas da Riesling envelhecida, de petróleo/borracha queimada, junto com pêssego, mamão, peras, num conjunto muito frutado. Exótico, tem algum floral lá no meio e é um pouco iodado no final (como se fosse um bom Moscatel de Setúbal).

Incrível como é denso e concentrado, até espesso, e ao mesmo tempo leve. Não se deixe levar por aquelas críticas que falam que não se sente o doce, que a alta acidez apaga o açúcar: é mentira. É doce pra caramba; o que acontece é que a doçura nunca chega a ser enjoativa, nunca se impondo diante de tanta coisa acontecendo na taça, tudo em equilíbrio. Vinhaço. 


Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Não achei disponível.
Preço no Exterior: De 15 a 20 euros.

Vale a pena? É quase uma piada esse preço. Aliás acho que em alguns anos não veremos mais esses grandes vinhos alemães por preços de pechincha...

sexta-feira, 8 de março de 2019

Aurora Pinto Bandeira 24 Meses Extra Brut



Esse espumante da Aurora, feito através do método tradicional, é um dos topos de gama da vinícola, e, assim como todos os outros, não decepciona.

De pérlage finíssima, equiparável a grandes Champagnes, o vinho é muito fresco, com notas minerais, salinas, de pedra molhada e maresia, puxando também para o lado da Chardonnay com as típicas frutas e flores brancas. Na boca tem muito corpo e muita acidez, fazendo o balanceamento perfeito para a delicadeza que mostrava no olfato. Termina longo e vinoso.

Excelente espumante gaúcho. Novamente, não custa perguntar: o que as pessoas têm na cabeça de comprar espumante chileno??  


Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 100 reais.

Vale a pena? Já vale muito a pena por 100 reais, mas o tempo todo entra em promoção no Pão de Açúcar. Quando acontecer, leve de caixa.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Catena Alta Chardonnay 2015



Todos que acompanham esse blog sabem do nosso amor pela Catena, e pelos vinhos argentinos em geral.

A linha Catena Alta é a linha de média gama da vinícola. Teoricamente, esse deveria ser um exemplar superior a um Catena simples, mas não foi o que achamos. Ele é doce, muito doce, demais de doce! O Catena Chardonnay de entrada tem uma coisa mais chablisienne, mais salino e ácido, enquanto os maravilhosos Adrianna da mesma vinícola também tem essa veia borgonhesa, mas muito mais concentrados e complexos (mais para Meursault); esse aqui não poderia se encaixar na Borgonha nem que derrubassem ele por lá. Não é uma crítica, não é um defeito, é apenas a característica dele: doce pra caramba.

As notas vão de baunilha, mel, algo de açúcar de confeiteiro, para frutas amarelas, alguns florais e madeira. Dourado, denso, bastante cremoso, parece que falta um pouco de acidez para essa montanha de corpo e potência.

Um ótimo vinho, mas que agradará mais aos novo mundistas de plantão.


Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 220 reais. Importado pela Mistral.
Preço no exterior: Em torno de 20 dólares na Argentina e 25 dólares nos EUA.

Vale a pena? Somente para quem gosta do estilo e compre fora do país.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Carpineto Chianti Classico 2016



Não sou uma pessoa que compra muito na Wine, porque que esses sites de vinho que vendem em grande escala geralmente só tem coisa ruim, mas de vez em quando você descobre umas coisas surpreendentes. A Maycas del Limari, por exemplo, é uma das melhores produtoras de Chardonnay do Chile, e a Wine tem a importação exclusiva. Outra que se enquadra aí é a Carpineto, cujo Chianti Classico provamos essa semana.

Vinícola tradicional da região, é famosa principalmente pelos Chianti e pelo Vino Nobile di Montepulciano. Esse Classico de 2016 mostrou de cara uma complexidade aromática que não estávamos esperando: frutas vermelhas frescas, com destaque para as notas de cereja, framboesa e groselha, tomates, floral (rosas) e um pouco de baunilha. Bastante vinoso, tem acidez na medida, taninos suaves, e termina terroso. Bastante gastronômico (desceu maravilhosamente bem com um filé com ervas, que não é a combinação mais fácil do mundo), vai na contra mão de todas as bombas de madeira e corpo que são vendidas por aí.



Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 70 reais. Importado pela Wine.
Preço no exterior: Em torno de 10 euros na Europa e 15 dólares nos EUA.

Vale a pena? Bastante.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Quinta do Mouro 2008



Já faz tempo que a Quinta do Mouro é nossa vinícola favorita no Alentejo, trazendo uma elegância e um frescor aos vinhos que nessa região eu também só vemos no Mouchão (num estilo completamente diferente).

O vinho da safra 2008 parece estar no seu auge: abundante em notas de cerejas, tomate, mato seco, tabaco, e algum floral. Os vinhos da casa têm um caráter riojano, mas sem perder aquela coisa de fruta mais madura do Alentejo. Os taninos são muito finos, e a acidez, como já dissemos, poucas vezes é vista tão bem construída nessa região. Aparentemente tem fôlego para mais uns anos, mas está pronto para ser bebido.


Vinhaço.


Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 400 reais. Importado pela Grand Cru.
Preço no exterior: Em torno de 30 euros na Europa, e 40 dólares nos EUA.

Vale a pena? Vale tanto que não existe passagem em Portugal sem trazer 2 na mala (ele e o irmão "Rótulo Dourado").

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Château Fombrauge 2014


Não conhecíamos o Château Fombrauge. Entre os Grand Crus da margem direita que estavam na prateleira, trouxemos um Vieux Château Certan e, depois do sentir o bolso bem mais leve, sobrou um dinheirinho para algum vinho mais barato perdido por lá. O atendente recomendou esse Fombrauge, então decidimos provar.

De cara chama atenção pela garrafa muito pesada (me dá uma certa implicância gastar mais vidro só pra tentar ganhar o consumidor no peso, mas enfim...). Fiquei com medo de que estivesse abrindo muito cedo, mas se mostrou bastante pronto, com as típicas notas de ameixa e chocolate, além de uma coisa meio caixa de charutos que lembra a margem esquerda. Os taninos estão bem macios, e a acidez fresca dá uma amenizada na madeira, que não chega a atrapalhar. Termina apimentado.

Mais elegante do que o esperado, pois no geral o que li falava em um estilo mais extraído. Boa pedida. Pronto, mas deve ganhar complexidade e precisão nos próximos 5-10 anos.




Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 550 reais. Importado pela Grand Cru.
Preço no exterior: Em torno de 30 dólares nos EUA.

Vale a pena? Aqui, o preço é ridículo. Lá fora, tem um bom preço para um bom bordalês.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Produttori Del Barbaresco 2010


Como o mundo dos vinhos é feito de surpresas, e surpresas nem sempre são boas, hoje foi um Barbaresco que decepcionou. E de um tradicional produtor, em uma grande safra na região. Acontece.

O Produttori del Barbaresco é a cooperativa mais premiada da região, reconhecida internacionalmente por seus single-vineyards mas também pelo custo-benefício do seu Barbaresco de entrada. Depois de 8 anos (o que é bem pouco para um Barbaresco, admitimos), abrimos o 2010 para provar. Aqui não foi uma questão propriamente de estar pronto ou não para ser bebido, mas sim se era bebível ou não. Vinoso ao extremo, com acidez saindo pelas orelhas e taninos de rasgar, sem a fruta necessária para ficar melhor no futuro.


Apesar de não estar oxidado nem mostrar sinais de TCA, seria uma garrafa ruim? Pelo alto valor que um Barbaresco exige, é no mínimo estranho.



Avaliação Vinhozin: 50 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 400 reais. Importado pela Grand Cru.
Preço no exterior: Em torno de 25 euros na Europa e 30 dólares nos EUA.

Vale a pena? Não.